Conheça Café Du Bourg, de Michele Bellomo
Estar nos Alpes na Itália em fronteira com a França e a Suíça foi um presente do universo. No último final de semana, fui com minha sobrinha e seu namorado conhecer o Vale D`Aosta, região conhecida pelos icônicos picos cobertos de neve, Matterhorn, Mont Blanc, Monte Rosa e Gran Paradiso. Ali, além de estações de esqui como Courmayeur e Cervinia, há uma zona rural com castelos e fortalezas medievais. E em sua capital, a cidade de Aosta, há vestígios do passado romano como o Arco de Augusto e a Porta Pretoriana. Antes do trabalho, a rotina em qualquer cidade. Uma conversa animada e, nessas terras, a presença constante de cachorros de diferentes estilos e tamanhos.
E não dá para andar descontraidamente, olhando aquelas montanhas estonteantes e deslumbrantes, não, senhoras e senhores! Tem que olhar atentamente para onde pisa pois o gelo pode te levar a um belo tombo. Além de cuidar para não passar frio – o sol engana nessas paragens europeias – e o que eu achava que era um superagasalho parecia uma fina malha… Ah… e quando se passa ao largo de um muro, perceba. Nada por aqui é um mero muro… Graças ao distante passado, fala-se italiano e francês pois essa área que era celta foi conquistada pelos romanos (conquistadores esses italianos, não?)
Passado um século após a queda do Império Romano, o Vale d’Aosta ficou sob o domínio franco e, consequentemente, recebeu influência francesa, evoluindo para franco-provençal ou valdôtain. Hoje, a cidade e arredores tem cerca de 34 mil habitantes. Fomos conhecer o Teatro Romano, mas está em restauração – então só daqui a dois anos… quem sabe voltamos para mais uma abertura com ópera congelante ao ar livre – aqui, a máxima é que há frio durante nove meses e neve durante os três meses de inverno.
Então, para aquecer um pouco nada como andar (o truque é não ficar parada!) e ver as charmosas ruas pequenas com lojinhas e roupas de esqui e tudo o mais para ser elegante no frio. Fico pensando que essa deve ser a mesma sensação de turistas vendo as lojas de Ipanema com suas cores e roupas mínimas…
No dia seguinte, um belo domingo depois de desfrutar tudo o que tínhamos direito no hotel – sauna seca, banho turno, piscina, hidromassagem, vista deslumbrante – fomos até as charmosas ruas para tomar um belo expresso antes de seguirmos para o próximo destino – Forte Di Bard.
Entramos no Cafe Du Bourg. Ao abrir a porta, é impossível não ficar admirado. Será que entramos em uma galeria de arte? Há quadros de diferentes estilos em todas as paredes. Na bancada, um anúncio gracioso: Diga se gostou do serviço do bartender, com duas plaquinhas e espaços para moedas: Sim e Não…Então, o bartender sempre ganha!
Michele Bellomo é o dono desse espaço ímpar há 36 anos. Ele recebeu o local de seu sogro e hoje, seu filho Elio trabalha consigo. Michele é o autor de todos os trabalhos ali expostos e a ideia da gratificação em qualquer resposta foi dele. “Eu sou um artista da vida. Então, invento de tudo!”
Para ele, o mais importante é a arte e como ela permite trabalhar a imaginação, o pensamento, o momento abstrato. É como expressar o seu momento por cores e traços. Inicialmente, em 1989, começou com esculturas, enquanto estudava com estatísticas.
Agora, aos 55 anos depois de quase quatro décadas ali no Café, planeja mudar o rumo:
– “Este trabalho é duro, é o dia inteiro, todos os dias em minha vida. Tenho muitos outros interesses e com essa vida, fica difícil. Trabalho 12 horas por dia, e ainda tenho muita vida pela frente”.
A paixão o moveu ao bar e agora quer seguir a direção para, segundo ele, auxiliar pais a lidar com os garotos e, conforme a situação, não causar mais danos em função de vários aspectos. Pondera que ambos os lados precisam querer mudar. “É importante dizer a uma pessoa que há outra forma de viver, de ver as coisas. Se eu faço um desenho e te falo sobre ele, não é apenas o meu ponto de vista. Tem o do outro”.
A curiosidade que levou Michele a criar um bar atraente aos olhos e à alma, em que você se senta não apenas para tomar um expresso e sim para conversar, olhar os quadros e se perguntar para onde eles te levam, o fará seguir outros caminhos.
Mas enquanto isso não acontece, quando visitar Aosta, vá a Via Sant’Anselmo e conheça Michele Bellomo. Vale dizer que o site Restaurant Guru, especializado em críticas, menciona o bar que recebeu das avaliações do Google 4.2 estrelinhas.
Inverno combina com feirinhas de Natal, com diferentes preços e estilos, com Santa Claus elegantemente vestido. Em Aosta a feirinha é para estilo esqui – preços na altura e tombos no orçamento!
Mas tudo com muito charme, claro! O chocolate combina com o inverno e a arte impera no domínio dessa massa saborosa e escura. Em uma das lojas, deparei-me com a figura de São Francisco girando em um pedestal.
Detalhe: toda em chocolate!
Um outro detalhe é ver a figura da Madonna e seu bambino por diferentes caminhos, espaços, jeitos. Aqui, ela está imponente nesse trabalho com luz e fios.
E, para encerrar, deixo um vídeo sobre a manhã desse belo domingo desfrutado nos Alpes. Clique e aprecie. Não foi um presente dos deuses?
8 Comentários
Lindo texto e apresentação da estória de uma vida de um homem, sua vida e seus sonhos.
Obrigada, Paola. Descobrir histórias é muito bom!
Lena, você está muto chique! Delícia ler suas histórias. Saudades!
OPi, Adriana! Desculpe a demora em responder. Agora, a rotina voltou a lugar! E em busca de novas histórias para meus leitores especiais, como você!
Viajamos junto com você, sentindo cada vibração de gratidão por esse portal aberto pela Universo. Vocês merecem.
Obrigada, Rose. E vamos descobrir novas histórias quando por cá estiverem!
Gostei muito de toda explicação e do video. Vc está ficando cada dia melhor! Bravo! Amo esse país demais!
Demorei mas respondendo… Obrigada e vamos aprendendo!