Animais de estimação são da família
Quando mudamos, os gatinhos, cães e passarinhos vêm connosco. Afinal, os animais de estimação fazem parte da família. No meu caso, por diversos motivos, tomei a difícil decisão de procurar uma nova casa para o Merlin e o Aquiles, gatos que me acompanharam nos últimos cinco anos e meio. Felizmente, a Lurdeca, a amiga que os doou, aceitou recebê-los de volta. Só depois que eles partiram é que comecei a preparar-me para vir para cá. Os animais são sensíveis e percebem qualquer movimento de mudança. Talvez seja por sentir falta dos gatinhos ou do Spock, o Golden Retriever da minha irmã Vera, que fazia parte da família e que nos deixou em fevereiro do ano passado aos nove anos de idade, que tenho observado os animais de estimação e a sua relação com as pessoas com mais atenção.
Existem pessoas abnegadas, como a vizinha do nosso andar, a dona Maria Augusta. Além dos dois gatinhos que tem, ela toma conta de mais sete que circulam pela rua. São alimentados duas vezes por dia com comida feita por ela, que também cuida das casinhas protegidas contra a chuva e o frio, abrigadas num espaço verde – junto aos muros da Escola Básica do Meiral e em frente ao condomínio onde vivemos.
A Câmara Municipal de Vila Nova de Gaia (como é chamada a prefeitura aqui em Portugal) possui um site com fotos e descrições de cães e gatos para adoção. É necessário um grande esforço, pois todos os anos são abandonados cerca de 10 mil animais. O abandono é crime e pode ser punido com pena de prisão de até seis meses ou com multa de até 60 dias.
A Câmara Municipal de Vila Nova de Gaia (como é chamada a prefeitura aqui em Portugal) possui um site com fotos e descrições de cães e gatos para adoção. É necessário um grande esforço, pois todos os anos são abandonados cerca de 10 mil animais. O abandono é crime e pode ser punido com pena de prisão de até seis meses ou com multa de até 60 dias.
Segundo matéria do site PIT – Pets in Town, abrigado na plataforma iOL, atualmente, o país tem cerca de 2,890 milhões de cães e 512 mil felinos. E como são obtidos esses números? Simples. O registro é obrigatório por lei para cães, gatos e furões nascidos em Portugal ou residentes no país há mais de 120 dias. No caso de cães, há oito tipos de categorias e seus donos precisam apresentar boletim sanitário, vacina de raiva e microchip instalado. Ao serem registrados no SIAC – Sistema de Informação de Animais de Companhia, é possível acompanhar a evolução de pets no país.
Entre as categorias de cães, há os de serviço. Clara e Cristal, duas belas Golden Retriever brancas são cães de serviço e chamam a atenção por onde passam. Eu as conheci em um sábado com sol escaldante quando entrava no mercado Bolhão, no Porto (falarei mais sobre o lugar em futuro post).
Elas estavam com seus uniformes sinalizando serem cães de serviço e educadamente deitadas com suas guias seguras pelo dono, Ian Przewodowzki. Ian é brasileiro, neto de poloneses e morava no Rio de Janeiro antes de vir para o Porto – uma feliz coincidência comigo, brasileira, neta de poloneses e com um caso de amor com o Rio desde que ali morei.
Ian explica que tem uma deficiência auditiva e Clara é sua guia, enquanto Cristal auxilia como apoio emocional para a ansiedade de sua filha Ana Beatriz, de 25 anos. Comenta que eu gostava de conhecer sua mulher, Ana Paula, também brasileira. Mais que depressa, a filha caçula Maria Antônia, de 8 anos, se oferece para chamar a mãe. Ana Paula chega e começamos a conversar descontraidamente. Conta que Clara e Cristal têm três anos e meio e que nasceram em Viseu, município do distrito do mesmo nome, onde mora seu pai que é português. Em seguida, ficaram três meses em treinamento nos Estados Unidos e depois foram residir com a família toda no Recreio dos Bandeirantes, bairro do Rio de Janeiro. O casal voltou com a filha caçula para Portugal em outubro de 2021.
Ele ressalta que a lei portuguesa faculta ao dono de estabelecimento permitir ou não a entrada de cães de serviço, e muitos não permitem nem entrada nem permanência. Além disso, é proibida a permanência de cães de qualquer categoria em parques. Preconceito? Pode ser. Isso talvez explique o fato de tantos cães passearem com seus responsáveis nos passadiços próximos das praias. A convivência amigável com pets talvez ainda demore a mudar nessas terras portuguesas que estão recebendo muitos brasileiros e que chegam com seus cães e gatos.
Na hora da foto, Clara sentiu o aroma dos petiscos frescos comprados ali por Ana Paula e não se sentava de jeito algum! Essa atitude lembrou-me o Spock tão querido nos momentos em que dava a patinha ao ouvir a gente falar: sit!… Após dicas sobre canis, e eu ter o telefone e e-mail anotados, nos despedimos, desejando mutuamente bons passeios.
Então, quem sabe no próximo ano não acolheremos um pet?