Compras roupas fixes e baratas durante as tuas viagens?

A Humana Portugal vende vestuário em segunda mão há 25 anos

Entrar numa loja, escolher sem pressa, encontrar roupas de
diferentes estilos e fazer uma compra que agrada a muita gente (a ti, à loja, às
pessoas que prepararam a roupa) e ainda contribuir com projetos ambientais e de
desenvolvimento de comunidades. Isto existe há 25 anos na Humana Portugal, uma
organização não-governamental que possui 21 lojas no Porto e em Lisboa.

Conheci a Humana assim que cheguei ao Porto, há 11 meses (o tempo voa!) e fui apresentada pela minha sobrinha Annamaria a uma loja, no mínimo, diferente! As roupas estavam em promoção – naquele dia, paguei dois euros por cada peça, um preço escandalosamente barato, diria eu.

Humana, no verão ou no inverno

Sais com a sensação de ter comprado algo útil e bonito, de
ter ajudado a uma causa focada na reutilização de tecidos, de ter contribuído para
a proteção do ambiente e para projetos sociais. Se não sentires essa sensação,
tudo bem. Algo eu garanto: sais da Humana com uma ótima sensação de economia
com prazer!

A visão da Humana é clara: “Queremos impulsionar a economia circular no setor têxtil, a nível nacional e internacional. E queremos melhorar as condições de vida de comunidades desfavorecidas, com foco em Moçambique e na Guiné-Bissau, amplificando e aprofundando os impactos dos programas desenvolvidos”.

Com paciência, acha-se peças incríveis

E como é feito isso?

Tudo começa na recolha seletiva e gestão sustentável de
roupas usadas. São 1.030 contentores para recolher roupas usadas em todo o
país, além das doações nas lojas. Eu sou testemunha dessas doações há alguns
meses, quando, numa manhã ensolarada de sábado, levei várias sacolas de roupas
das minhas sobrinhas-netas, separadas pela sua mãe, à loja da Humana da rua de
Santa Catarina, no Porto. E a consciencialização faz escola. Uma das minhas
sobrinhas-netas, a Catarina, é fã da Humana – onde compra as suas roupas – e aplica
os conceitos de sustentabilidade de forma natural na sua vida.

As roupas doadas vão para o armazém que fica em Alcochete, na região metropolitana de Lisboa. Daqui saem para diferentes centros de triagem fora de Portugal onde são separadas, limpas e arrumadas. As que não forem aproveitadas para vendas, são encaminhadas para reciclagem ou descartadas (apenas 1,5% do que é recebido acaba em aterro ou incineração).

Nas lojas, o cuidado é percebido na organização das peças,
no esclarecimento de dúvidas ou no pagamento. O consumidor ou a consumidora
ficam à vontade para procurar, experimentar e comprar. Na hora de pagar, é
muito bom ver a expressão sempre bem-humorada nos rostos das atendentes,
seguida da pergunta “quer saco?”, ou seja, se quero levar as roupas numa sacola
e pagar por isso (assim como todo o comércio do país).

A Humana Portugal tem 21 lojas de moda ‘secondhand’ – das
quais 15 lojas estão em Lisboa e 6 no Porto. Algumas lojas destacam as roupas
‘vintage’ e em outras, é possível encontrar roupas de cama e banho, além de
vestuário para bebé e crianças.

Além de portugueses e residentes nas duas cidades, é comum
encontrar moradores de outros cantos de Portugal ou turistas estrangeiros que
já conhecem a marca. No dia em que fui tirar as fotos, havia uma portuguesa que
comentou com a atendente no caixa ao pagar:

– Deixei para comprar as roupas de inverno aqui, em vez de vir com malas carregadas!

Bom humor no atendimento, sempre!

Tudo começou na Dinamarca

Os recursos financeiros são aplicados em projetos de proteção ambiental, educação, saúde ou desenvolvimento local de comunidades. A Humana Portugal tem uma forte relação com as organizações ADPP, em Moçambique e em Guiné-Bissau. Nesses países, os recursos financeiros vão sobretudo para projetos em áreas rurais, fragilizadas e afetadas pela pobreza. As duas instituições nesses países recebem ainda recursos de outras unidades da Humana na União Europeia e – assim como a Humana Portugal – são membros da Federação Humana People to People (HPP).

A diferença nas comunidades rurais

A HPP é uma rede de 29 associações sem fins lucrativos
comprometidas com a solidariedade internacional, cooperação e desenvolvimento.
Nascida como um movimento na Dinamarca na década de 1970 por jovens ativistas
empenhados em abordar alguns dos maiores desafios humanitários, sociais e
ambientais do planeta. O seu estabelecimento como federação foi feito em 1996
com foco em apoiar as atividades dos membros e fomentar a intercolaboração.

Hoje em dia, 29 organizações independentes integram a HPP na África, Ásia, Europa, América do Norte e América do Sul. Além de partilharem valores comuns baseados na proteção do planeta, auxiliam na construção de comunidades mais bem capacitadas. Todas estão alinhadas com a Agenda 2030 da ONU, atuando em parceria com organizações locais para cumprir os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável.

Consumir moda sustentável é estar ‘in’

Ressaltemos que a indústria da moda, uma das mais poluentes
do planeta, está a tentar reinventar-se. Mas falta ainda muito para a transição
para um modelo de moda sustentável, em que as peças são usadas durante mais
tempo por terem melhor qualidade (e aqui não estamos a falar de roupas ditas de
‘marca’), as matérias-primas são renováveis ou recicladas e os produtos criados
para serem reintroduzidos no ciclo produtivo.

Quem entende este ciclo é Andreia Barbosa, responsável pela
Comunicação e Relações Institucionais da Humana Portugal. Há um ano na empresa,
Andreia já atuou na área de economia circular. Segundo ela, o modelo de
negócios desenvolvido na Humana – recolha, processamento e revenda – já está solidificado.
E vai além, ao comentar o cenário atual de consumo:

– A relação do consumidor com produtos de segunda mão como
roupas e calçados alterou-se. Há uma consciência ambiental maior e as pessoas
não olham os produtos como uma opção menor, percebem tanto o valor ambiental
quanto o estético. Há mais ecletismo e que creio que a proposta da Humana
atravessa um momento favorável.

São 21 endereços para tu escolheres

Ela complementa, destacando os grandes avanços de mudanças
na Europa por meio da União Europeia, que está a estudar legislação para melhor
enquadramento do fluxo têxtil com melhores distribuição e valorização:

Esses são os grandes desafios para este ano de 2024 –
aumentar a recolha, processamento, reutilização e reciclagem. Claro que, em
paralelo, o nível de qualidade da produção têxtil deve aumentar, para que a
vida dos produtos seja prolongada. Como gestores do setor têxtil, estamos
envolvidos nessa transformação do setor.

Por falar em negócios, ela explica que a equipa é formada em sua maioria por jovens de 20 a 30 anos. Já a estratégia de comunicação e marketing é focada no Instagram, com planos para entrada na rede social TikTok.

Como colaborar além da doação ou compra de roupas

Além de doar peças de vestuário ou de fazer compras, as pessoas também podem contribuir com doações financeiras e, em caso de entidades públicas ou privadas, fazer parcerias para implementar um sistema de recolha seletiva de têxtil nas cidades (âmbito público) ou promover a sustentabilidade ambiental e a responsabilidade social (âmbito privado). 

Veja em Humana Portugal para saber mais.

Fica a dica

Então, na tua visita a Portugal – seja no sul, na capital do país – seja no norte, em Porto – já tens programa com retorno garantido em alegria ao comprar roupas a preços incrivelmente acessíveis e ainda contribuir com o meio ambiente. 

A Humana e o Planeta Terra agradecem!

Lena Miessva

Jornalista & Escritora & Blogger

1 Comentário

  • Vera rastelli

    Belo texto! Adoro ir na Humanas.

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Olá, Sou Lena Miessva

Após percorrer várias estradas da vida no Brasil, Lena Miessva inicia um novo caminho em Portugal. Aprendizados nas relações humanas, na comunicação interpessoal e aprimoramento da escrita são seus focos principais nesses tempos de mudanças globais, locais e pessoais.

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