250 mulheres reúnem-se para novas inspirações
Algumas chegaram discretas. Outras eram efusivas e se abraçavam. Houve ainda as que entraram sozinhas pela primeira vez. A programação prometia inspiração na 11ª Grande Conferência Liderança Feminina, no Porto Business School. O evento em 21 de março foi organizado pelo Site Executiva, concebido por Maria Serina e Isabel Canha, jornalistas e empreendedoras e reuniu 250 mulheres do Porto e de Lisboa.
Durante mais de 30 anos, as duas jornalistas contaram histórias sobretudo de homens nas áreas de política, negócios, cultura, ciência e esportes. Como citam no site, “nas áreas dos negócios e das revistas femininas, conhecemos inúmeras mulheres com histórias muito inspiradoras para partilhar. Os seus testemunhos podem encorajar outras mulheres a atingirem todo o seu potencial, a assumir riscos e quebrar barreiras, e, com isso, tornarem-se pessoas mais realizadas e capazes de mudar a sua vida, e a dos outros, para melhor. Para isso, fundamos a Executiva, o espaço que dá voz às mulheres”.
Segundo Teresa Cardoso de Menezes, managing diretor da Informa D&B, os números mostram que há menor porcentagem de mulheres nas grandes empresas. Além disso, considerando os postos de trabalho, elas ocupam no mercado de trabalho apenas 16% no conselho de administração, 27% em gerência e 17% como diretor-geral. Considere-se que essas empresas ocupam cerca de 40% do emprego total das empresas em Portugal.
Onde estão as oportunidades para ocuparem espaços? Nas áreas de Segurança da Informação e de Sustentabilidade. E nessa última área, um ótimo dado: a presença feminina impera com 64%, ainda que haja um caminho a percorrer em função da pouca representatividade no total, ocupando menos de 1% nos cargos de direção executiva.
ESG pode ser um caminho para ampliar o espaço feminino nas organizações, especialmente em governança, segundo Cristina Rodrigues, Ceo da Capgemini.
E como quebrar barreiras em um cenário masculino familiar?
Raquel Santos, CEO da empresa A Metalúrgica Bakeware Production pertence à quinta geração da família no negócio fundado pelo trisavô, em 1896, e é a primeira mulher na liderança. Há 18 anos foi trabalhar com seu pai e avô na empresa líder mundial em fabricação de formas para pastelaria e panificação, um setor ainda predominantemente masculino, e demonstra muito respeito pelo passado: “se a empresa chegou aonde está, foi pelo mérito de quem cá estava antes”. Para ela, perguntar, mostrar curiosidade e vontade em aprender são fundamentais.
Cristina Almeida, fundadora da DivHersity House, instituição que auxilia mulheres e organizações para promover a diversidade e inclusão ressaltou: “para ser uma força no mundo e ser uma líder de outros, as mulheres devem primeiro liderar a si mesmas”.
Ela destacou como a síndrome das papoulas altas (Tall Poppy Syndrome) pode afetar as mulheres. A definição original é que as papoulas que crescem mais altas são cortadas para serem niveladas pelas mais baixas. No contexto feminino, significa que mulheres com mérito são desvalorizadas ou criticadas em função de suas conquistas profissionais. Segundo ela, a pesquisa “A Papoula Mais Alta”, realizada pela Women of Influence+ em 2023 mostra que quase 90% de 4.700 mulheres em 100 países, das mais diversas áreas e profissões são menosprezadas pelo seu sucesso no trabalho. A pesquisa também mostrou como as interações com clientes, colegas de trabalho e lideranças são impactadas pela síndrome. Entre os efeitos da síndrome, foram apontados reduções de 66% na autoconfiança e 74% no bem-estar emocional; aumento de 85% no stress e 60% no isolamento e finalmente 61% das mulheres sofreram burnout.
Para tratar a síndrome das papoulas altas (Tall Poppy Syndrome), em que as mulheres são desvalorizadas em suas conquistas profissionais, ela criou o programa ACT.ION. Ele começa com as iniciativas ACT – Awareness – Communication – Transparency. A continuidade em novo padrão comportamental envolve ION – Inclusion – Opportunity – Negociation. Para gerar o cenário de inclusão, segundo ela, as mulheres devem praticar os 4 Cs: Criatividade – Comunicação Assertiva – Compaixão – Confiança.
A volta para casa foi mais tranquila e reflexiva – os países e culturas são diferentes, mas todas queremos o mesmo – um mundo mais equilibrado, com o devido e justo espaço a ser ocupado pelas mulheres.
Então, meninas, vamos à prática?
3 Comentários
Acho que o principal é se impor ao mundo masculino, não de forma agressiva, mas de forma muito firme e sem dúvidas sobre a sua competência.
Nos Mais de 30 anos que tive a minha agência de comunicação sofri muito pouco com machismo. E olha comecei em 81.
Portanto, firmeza e competência são indispensáveis
Vamos! O Vôo das Joaninhas, projeto pessoal como influenciadora nas redes sociais, visa ACT.ION.
Divulgarei essa proposta praticando os 4 C’s – Criatividade, Comunicação Assertiva, Compaixão e Confiança.
Parabéns Lena! Obrigada por trazer o exemplo de mulheres tão espetaculares.