Gaia reforça sua abertura ao mundo

A cidade milenar mantém-se receptiva a estrangeiros e investimentos internacionais como relata Eduardo Vítor Rodrigues, presidente da Câmara Municipal de Vila Nova de Gaia

Morro de Gaia abaixo do Mosteiro da Serra do Pilar, em meados de 1850

Vila Nova de Gaia está na margem sul do rio Douro e chega aos 40 anos em época contemporânea como cidade. Gaia é jovem e encantadora. No entanto, por trás de sua beleza com as margens do rio Douro, suas praias, suas caves de vinho do Porto e suas pontes, esconde-se uma rica história milenar.

Tudo começou provavelmente como um castro celta, antiga construção das eras do cobre e do ferro, característica das montanhas do noroeste da península Ibérica. Eram estruturas predominantemente circulares feitas de rochas, pedras e granito. Gaia passou por invasões mouras e guerras cristãs. As duas cidades de então – Vila Nova e Gaia, foram integradas no julgado do Porto em 1383. Novas mudanças ocorrem no século XVIII, quando a região agrícola recebe a Companhia Geral da Agricultura das Vinhas do Alto Douro e os armazéns das diversas companhias exportadoras. No século seguinte, mais batalhas e finalmente ganha autonomia política, nascendo o concelho de Vila Nova de Gaia em 1832.

As pontes nos conectam ao Porto

Ela é famosa por suas pontes que contribuíram para seu crescimento populacional e econômico. Ao chegar ao Porto, verá a bela Vila Nova de Gaia do outro lado. A primeira ligação permanente entre Porto e Gaia foi a Ponte Pênsil, de 1843. Depois de 34 anos, inaugurou-se a primeira travessia ferroviária para a margem norte com a Ponte D. Maria Pia. Mais nove anos de obras, e surge a Ponte D. Luís. E em 1963, a bela e emblemática Ponte da Arrábida é colocada em funcionamento. Essa ponte é a minha favorita. Quando passo por ela e vejo a placa de boas-vindas a Vila Nova de Gaia e suas caves, sinto-me em casa! Em 1991, é a vez da Ponte de S. João substituir a travessia ferroviária. Mais quatro anos, Gaia ganha a Ponte do Freixo e, finalmente, a caçula de todas, inaugurada em 2003 – a Ponte do Infante.

Paços do Concelho (prefeitura, no Brasil), preparando-se para novamente deslumbrar a vista

Desde o início do ano passado, o Edifício dos Paços do Conselho, que abriga a Câmara Municipal e é de 1916, passa por uma requalificação integral. A reforma inclui restauração e inserção de novos recursos. O investimento aproximado é de 3,2 milhões de euros e deve estar concluído em cinco meses. Os elementos arquitetônicos mais relevantes e bem conservados têm o mínimo impacto na reforma. Há melhorias sendo implementadas, como recursos para acessibilidade a pessoas com mobilidade reduzida, remodelação das infraestruturas elétricas e hidráulicas e do salão nobre, que recebe novos sistemas de som, vídeo e projeção; a recuperação do madeiramento interior e a remodelagem das zonas de circulação.
Então, ninguém melhor para falar sobre a gestão dessa cidade do que o presidente da Câmara (prefeito, no Brasil), Eduardo Vítor Rodrigues, político e professor universitário de 53 anos. Sob sua liderança está uma equipe de 3 mil funcionários que trabalham e vivem em 24 freguesias (bairros).

Eduardo Vítor Rodrigues, presidente da Câmara de Gaia

Lena Miessva – Quais os maiores desafios para administrar Vila Nova de Gaia?

Eduardo Vítor Rodrigues – Neste “pequeno país” ou “grande cidade”, onde habitam mais de 3% dos portugueses, onde moram mais pessoas do que na Região Autónoma da Madeira e quase o mesmo contingente populacional da Islândia, tentamos demonstrar a coerência, o equilíbrio e até mesmo a interdependência entre o investimento e as boas contas. O mote tem sido sempre a priorização ao investimento inteligente e ao desenvolvimento sustentável, único caminho para um município de referência internacional. É verdade que, como se viu nesta pandemia, o futuro tem muito de incerto. Mas é também verdade que o nível de incerteza pode ser acautelado com as opções equilibradas, planeadas e sustentáveis que as cidades e os países têm obrigação de prosseguir.

LM – Quais os diferenciais de Vila Nova de Gaia para os investidores internacionais?

EVR – A captação de investimento, a criação de emprego e a abertura à inovação empresarial são elementos de futuro para Gaia. Novas, melhores empresas, mais empreendedoras e sustentáveis, melhor emprego e mais coesão: estes elementos estão profundamente interligados e nos quais assenta-se o nosso futuro coletivo. Com uma localização geográfica excelente, Gaia assume-se como um espaço de continuidade dos concelhos vizinhos. Tem acesso à ferrovia, à rede de autoestradas, a portos de mar, ao aeroporto internacional.

Gaia é dona de uma identidade muito própria, mas vive voltada para o mundo. Com cerca de 30 mil empresas, somos um dos concelhos mais exportadores do país. O vinho do Porto é um caso histórico e o turismo um caso óbvio, mas também temos aqui um cluster tecnológico relevante, com a produção de componentes para o setor aeronáutico ou a indústria das energias renováveis. Setores como: saúde, ótica, calçados, agricultura biológica, logística, cerâmica ou fabricação de bicicletas são outros exemplos da vitalidade do concelho.

RTE, a maior fábrica de montagens de bicicletas da Europa, Vinha Boutique Hotel 2 e Sandeman – investimentos e lazer, combinação perfeita em Gaia

LM – E no que diz respeito aos estrangeiros, quais são os maiores desafios?

EVR – De acordo com o Serviço de Estrangeiros e Fronteiras, entre 2012 e 2022, o número de pessoas estrangeiras com estatuto legal de residente em Vila Nova de Gaia triplicou, passando de 4.106 para 12.372, respetivamente. A comunidade brasileira constitui a maioria da população estrangeira no concelho (56,2%). Recentemente, o Observatório Social de Gaia desenvolveu um estudo sobre a imigração no concelho nos últimos dez anos. Os dados apresentados devem contribuir para combater estereótipos e preconceitos acerca da população estrangeira, ao evidenciar que se trata de um grupo de pessoas sobretudo em idade ativa e empregada, contribuindo efetivamente para o crescimento económico local e nacional. É, de facto, inequívoco que se trata de um grupo heterogéneo, diferenciando-se nas mais diversas dimensões analisadas, o que sugere diferentes trajetórias, experiências e vivências da imigração. Tendo isto em conta, Gaia será sempre ‘casa’ para quem escolhe cá viver ou investir.

Gaia oferece moradias de vários tipos

Lena Miessva

Jornalista & Escritora & Blogger

1 Comentário

  • Vera Rastelli

    Bravo! Me sinto bem representada morando em Vila Nova de Gaia!

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Olá, Sou Lena Miessva

Após percorrer várias estradas da vida no Brasil, Lena Miessva inicia um novo caminho em Portugal. Aprendizados nas relações humanas, na comunicação interpessoal e aprimoramento da escrita são seus focos principais nesses tempos de mudanças globais, locais e pessoais.

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