Jornalismo, Sempre
Em 1984, fui a uma reunião da Comissão de Assessoria de Imprensa do Sindicato dos Jornalistas de São Paulo por convite de Wilson Baroncelli, que trabalhava no Grupo Pão de Açúcar como eu. Passei a frequentar as reuniões das quartas à noite e fiz amizades sólidas e queridas. E foi embalada por essa memória que li sobre o V Congresso dos Jornalistas Portugueses que ocorrerá no próximo ano em Lisboa e contará com a presença do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, na cerimónia de abertura.
Fui em busca de informações sobre o encontro, cujo tema é “Jornalismo, Sempre”, e que irá discutir o exercício da profissão em condições dignas, os seus desafios e oportunidades de melhoria. A Comissão Organizadora tem como presidente o jornalista e professor de jornalismo Pedro Coelho, que trabalha na SIC (cuja televisão tem parceria com a Rede Globo). Ela reúne mais de 50 jornalistas de diferentes gerações, plataformas e professores de jornalismo. Pedro e os membros do grupo de trabalho Proximidade têm viajado pelo país para ouvir as angústias dos jornalistas em encontros nas várias regiões do continente, Madeira e Açores.
Assim, nesse périplo, no sábado, 3 de junho, no Porto, mais de 12 jornalistas dedicaram a tarde quente para se reunirem na Associação dos Jornalistas e Homens de Letras do Porto. E lá estava eu, para conhecer os jornalistas numa casa que respira história. Afinal, são 141 anos a reunir centenas de escritores, jornalistas, atores e artistas plásticos. Embora o nome mencione homens de letras, apenas 16 anos após a sua fundação, em 1901, surge a primeira mulher, Clorinda de Macedo, professora e poetisa (voltarei a este tema no futuro).
Então, nesse périplo, no sábado de 3 de junho no Porto, mais de 12 jornalistas dedicaram a tarde quente para se reunirem na Associação dos Jornalistas e Homens de Letras do Porto. E lá estava eu, para conhecer os jornalistas em uma casa que respira história. Afinal, são 141 anos reunindo centenas de escritores, jornalistas, atores e artistas plásticos. Ainda que o nome menciona homens de letras, apenas 16 anos após a sua fundação, em 1901, surge a primeira mulher, Clorinda de Macedo, professora e poetisa (ainda volto ao tema no futuro).
Foi curioso ouvir diferentes relatos que se assemelham ao momento vivido no Brasil. Será que o papel vai acabar? Será que as redações dos meios de comunicação, tal como as conhecemos, estão condenadas à falência? E a tecnologia, que traz consigo a Inteligência Artificial, irá ocupar o lugar das pessoas que exercem o árduo ofício de questionar em busca da informação correta? Num certo momento, uma jovem fez um depoimento comovente, ao falar das dificuldades em ser jornalista e lutar por melhores condições profissionais. “Muitos colegas meus perguntam por que é que eu ainda frequento os encontros para debater os rumos do jornalismo”.
Pedro Coelho foi então enfático, respondendo que é necessário continuar a lutar e não desistir. Salários baixos, precariedade no exercício da profissão, legislação a ser atualizada. Estes são alguns dos desafios enfrentados por muitos jornalistas que trabalham em meios de comunicação como o Diário de Notícias, criado em 1864, o jornal mais antigo em funcionamento e que corre o risco de fechar (esperemos que isso não aconteça).
Hoje em dia (e já há bastante tempo) este é o panorama vivido por profissionais e meios de comunicação em muitos países.
Vale a pena dizer que comprar jornais impressos aqui é um hábito que rapidamente adquiremos – como é bom ver pessoas a consumir notícias em papel! E existem também meios de comunicação criados exclusivamente online e plataformas de notícias, além das televisões e rádios. Ouço a M80, que traz boa música quando estou a conduzir aqui.
A escrita nos jornais é atrativa, a crítica é constante e inteligente. Existem semanários (O Gaiense retrata a vida em Vila Nova de Gaia, onde moro). Existem também os especializados, como o quinzenário Jornal de Letras, que traz notícias do mundo da literatura e das artes.
Já tenho os meus preferidos. Assinei o Público (que tem uma parceria com a Folha de S.Paulo) e, nos fins de semana, compro o Expresso com a sua revista, que circula às sextas-feiras e cujo exemplar é guardado para mim pela Cristina, da banca que vende revistas, bilhetes da Lotaria e também é um posto dos CTT (os Correios e Telecomunicações de Portugal) no bairro. Semanalmente, quando chego, a Cristina abre um sorriso e diz:
Boa tarde, dona Lena, aqui está o Expresso. Ah, e vão ser lançadas biografias nas próximas semanas com a revista Sábado (já pedi para guardar a do Winston Churchill!).
Em Portugal, segundo dados da ERC – Entidade Reguladora para a Comunicação Social – em dezembro de 2022 existiam 1.710 publicações periódicas, 301 empresas jornalísticas e 181 serviços de programas distribuídos exclusivamente pela internet.
A comunicação será abordada mais detalhadamente num post futuro. Afinal, este é o mundo ao qual pertenço profissionalmente, que vivi no Brasil e que estou a conhecer em terras portuguesas.
Serviço:
V Congresso dos Jornalistas Portugueses: Jornalismo, Sempre.
Local: Cinema São Jorge, em Lisboa
Data: 18 a 21 de janeiro de 2024
Painéis: Ética e Condições de Trabalho, Acesso à Profissão, Memória (comemorações dos 50 anos do 25 de Abril), Jornalismo de Proximidade, Financiamento do Jornalismo e Novas Fronteiras do Jornalismo. Haverá também mesas-redondas (nomeadas por aqui como pontos de evasão), diversas dinâmicas e masterclasses.