Desde meados de março, imaginava os supermercados cheios de ovos de chocolate. No entanto, cada país tem os seus costumes e tradições e, em Portugal, se há menos ovos de chocolate, é tempo de saborear amêndoas cobertas com açúcar colorido ou com chocolate ou deliciosos bolos de frutos secos e creme. No início da semana da Páscoa, fui fazer as compras com a minha irmã Vera num dos supermercados aqui perto de casa – depois de pesquisar os preços nos vários sites e folhetos, um costume que rapidamente adquirimos aqui – afinal, quem não gosta de uma promoção?
As pessoas colocavam nos carrinhos chocolates, doces, tortas, amêndoas coloridas e alguns poucos ovos de chocolate. A funcionária da caixa explica que a cada ano que passa a Páscoa está mais calma, com menos pessoas e não há tanto consumo de ovos de chocolate. É aí que dá para perceber a surpresa dela ao ver os sete grandes ovos de Páscoa que comprámos!
Segundo a jornalista Pri Fortinho no site nacionalidade portuguesa, “mesmo sem ser o centro das atenções, os portugueses consomem sim o ovo de Páscoa. No entanto, não há a mesma variedade e valor agregado aos ovos de chocolate como no Brasil. Muitas vezes, inclusive, são ovos de galinha cozidos com algum corante para ficarem coloridos, que as famílias fazem para partirem e comerem no almoço de domingo de Páscoa”.
Então percebo as ligações que atravessam continentes como a nossa tradição familiar da pintura de ovos na Páscoa e que existem em alguns lares de Portugal. Em casa, os ovos brancos de galinha são cozidos e, depois de frios, reunimo-nos para pintá-los. Os temas são livres e não nos atrevemos a competir com os ovos polacos – um primor na apresentação e equilíbrio de linhas e cores – e assim mantemos a tradição e podemos recordar o meu pai, filho de imigrantes polacos e as nossas origens.
. Este ano, celebramos com parte da família – a da Annamaria e do Lauro – que residem em Portugal e a sobrinha Paola, que mora em Milão e veio para a Páscoa – todas reunidas na pintura de ovos após 15 anos! No domingo, cada um escolhe de olhos fechados um dos ovos coloridos.
Depois, todos dividimos o ovo pelo número de pessoas à mesa e cada um entrega as suas partes aos outros, recebendo também partes dos restantes – no final da animada troca de pedaços de ovos de galinha, cada um ficará com o seu ovo cozido! E assim, a tradição familiar regressa ao continente de onde partiu há mais de 130 anos.