Já te questionaste se estás a fazer aquilo que realmente gostas? Se a resposta foi “sim, mas… e a coragem para mudar?”, apresento-te Renato Saavedra, proprietário do café Like a Dream, um cantinho especial que conheci no Porto.
A culinária entrou na vida de Renato quando era miúdo. Já ajudava a mãe no buffet e, certo dia, o seu cão comeu parte da encomenda… Lembras-te daqueles bolos grandes retangulares que se faziam há 40 anos? Então, imagina a cena… Renato pegou numa faca e refez o bolo. Naquele momento, descobriu o que gostaria de fazer. Mas a vida ainda o levaria por outros caminhos.
Carioca de Copacabana (nasceu no bairro Peixoto, que é uma graça!), Renato formou-se na UniverCidade e seguiu a carreira de fotojornalista no Brasil e em Madrid, onde viveu durante 20 anos após um intercâmbio nos Estados Unidos.
Na Espanha, formou-se em direção de fotografia para cinema e televisão. Mas a culinária estava sempre a espreitar, por um espaço maior do seu tempo. Ainda no Brasil, foi pioneiro ao montar em Teresópolis (RJ) o Café Cultural, o primeiro cyber café dentro de um shopping.
Até se dedicar exclusivamente à culinária, Renato especializou-se na montagem e abertura de hotéis, gerenciando desde o início das obras até o término do primeiro ano de funcionamento. Foi assim que chegou na ilha de Fuerteventura, nas Ilhas Canárias, na Espanha, como conta:
– Encontrei uma paz dentro de mim que a fotografia me dava. Quando pegava na câmara e ia tirar foto, parecia que havia um silêncio. Estava comigo mesmo e aproveitava muito essa energia. Então, cheguei nesta ilha paradisíaca e maravilhosa e encontrei essa paz. Não precisava mais de fotografar.
Após alguns anos naquela ilha paradisíaca e em Tenerife – recebeu convite do Hotel Vila Galé para organizar a equipa. Mais uma mudança, parte vivida durante a pandemia. Aproveitou o período e montou um ateliê culinário, editou o e-book “A crise que nos pariu”, com 25 receitas extraídas das aulas dadas no Instagram – disponível para venda online.
Foi nesse período que criou o Brownin, um brownie cuja receita original de sua irmã foi modificada:
– Começamos a dizer que era ‘bonitim, jeitosim, como os mineiros falam – e ficou brownin – hoje marca registada em Portugal.
O desejo de voltar a ter seu próprio negócio seguia latente. Além disso, segundo ele, logo faria 50 anos e queria ter novamente o seu próprio negócio:
– Eu sempre lutei para ser dono do meu próprio nariz. Na minha cabeça, sempre foi claro que não precisaria trabalhar a vida inteira para os outros.
E a oportunidade surgiu. Perto de sua casa na freguesia de Bonfim, havia um café cuja dona queria transferir. Um negócio perfeito para ambos!
Com a ajuda de sua irmã que se deslocou do Rio de Janeiro para ajudá-lo, vendeu tudo na Espanha e trouxe apenas seus animais de estimação e muita vontade de criar um espaço agradável na rua Costa Cabral, 662. Nascia há um ano e meio o “Like a Dream” em Portugal.
Em janeiro, ampliou o espaço e passou a oferecer oficinas aos domingos, coordenadas por artistas. Já houve aprendizados de origami, de bordados, de aquarelas. Atualmente, sua clientela é formada por cerca de 40% por estrangeiros. A propaganda que funciona é a mesma de sempre: o bom boca-a-boca. Afinal, cliente satisfeito volta sempre.
Em uma das paredes, criou o espaço do artista, que concebe uma obra temporária. Atualmente, é uma aquarela de Raquel Duarte, designer e arquiteta.
E se ele, que viveu metade de sua vida em outros países, pudesse dar uma sugestão para quem está indeciso sobre rumos de sua vida, o que diria?
– Mergulha na vida. A vida traz oportunidades e tu não sabes o que vai acontecer. Se tiveres medo, podes não encontrar o amor da tua vida, nem o trabalho que tanto procuras, nem a viagem que tanto sonhas. A pessoa pode cair, mas vai levantar-se e aprender. No final, tudo se encaixa.
Então, já sabes. Quando vieres ao Porto, dá uma parada no Like a Dream, toma um bom café com Brownim, conversa com o Renato e sai energizado, desfrutando de um dos espaços da Invicta. Lembrando…
Rua Costa Cabral, 662
Freguesia de Paranhos
(na mesma rua da Casa Museu Fernando de Castro).
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