Sempre é tempo de exercitar os músculos e renovar o bom ânimo. O município de Vila Nova de Gaia oferece opções nas piscinas públicas e compreendemos a palavra muito usada em Portugal: força!
Em Portugal é possível ter aulas de hidroginástica em piscinas públicas com infraestrutura para verão e… inverno! Depois de 50 minutos, as pessoas que frequentam saem do treino revigoradas, todas com carinhas felizes! E eu sou uma delas! É o foco na qualidade de vida especialmente para jovens da melhor idade!
Quando cheguei em Vila Nova de Gaia, há dois anos, minha sobrinha Anna nos apresentou o conceito das piscinas públicas, em que eu e minha irmã Vera poderíamos nadar por 50 minutos em piscina aquecida com água do mar tratada a um custo de 2 euros a hora. Foi o primeiro contato com a visão do estado português em manter a qualidade de vida de seus moradores.
Cada cidade abriga em algumas freguesias (bairros) conjuntos de piscinas públicas com infraestrutura semelhante a clubes privados brasileiros. Parecia até que estava voltando a frequentar a piscina do Club Pinheiros, onde passei minha infância e parte da adolescência! E em um local diferenciado, que é a Granja com sua praia e casas imensas e jardins bem cuidados.
Frequento a Piscina Municipal da Granja Semicoberta que está situada na linha da frente da praia da Granja e cujo conjunto foi inaugurado em 7 de novembro de 2000. Oferece hidroginástica, hidroterapia, natação para bebés, natação desportiva para adultos e crianças (chamados de golfinhos).
Tem dois tanques (um externo aberto no verão), 3 balneários (vestiários), 37 chuveiros, 206 cacifos (armários), 9 instalações sanitárias (banheiros), 1 gabinete de primeiros socorros, 1 sala técnica e 1 arrecadação (local onde se guardam coisas) . O período de uso desse ano letivo que se iniciou em agosto de 2024 vai até 31 de julho de 2025.

A Granja, destino de férias desde século XIX
O escritor Ramalho Ortigão escreveu em 1876 o livro “As Praias de Portugal – Guia do banhista e viajante”. Na abertura, já enaltece a água: “Assim como quatro quintas partes do corpo humano são agua, assim quatro quintas partes da grande corpulência do globo são mar. Parecendo separar os homens, o bello destino eterno do mar é reunil-os” (grafia antiga mantida). Ele ainda lembra a atração do mar para os portugueses, que representou o caminho das conquistas e descobrimentos, da poesia, destacando o mais belo livro de versos, um poema marítimo – os Luzíadas.
Ali, entre as várias praias que descreve, está a Granja, em Vila Nova de Gaia: “A Granja é uma povoação diamante, uma estação bijou, uma praia de algibeira. Ao chegar tem a gente vontade de a examinar ao microscópio; ao partir appetece leval-a na mala, entre as camisas, como um sachet.
A praia foi descoberta graças à estação de comboios (trem) depois da inauguração da via férrea por um proprietário de uma quinta (propriedade rural) no local, José Fructuoso Íyres de Gouveia.
A praia da Granja, décadas depois de Ramalhão a ter descrito, em meados dos anos 1930, tornou-se uma estação balnear de luxo, segundo reportagem do site Evasões: “Já era um conhecido destino de férias de famílias da alta burguesia e da aristocracia portuguesas. Os palacetes construídos na localidade são testemunho desses tempos, quando “ir a banhos” começou a estar na moda, em finais do século XIX.



Os casarios ali construídos tornam a Granja conhecida como a suissa portuguesa

Hoje, tanto a praia como a piscina já nada têm de elitista. Sob alçada municipal, as piscinas, alimentadas pela água do mar, são compostas por dois tanques, um de 25 metros por 16,6 de largura e um mais pequeno (menor) de 16,6 metros por 9, que inclui um mini-escorrega. Quem comprar bilhete de entrada não precisa de se preocupar em levar nada, excepto toalha, pois os bilhetes dão direito a espreguiçadeira e guarda-sol (isso no verão)”.
Depois de frequentar por meses a piscina da Granja nadando do meu jeito (nunca fui um grande talento na natação, preferindo as ondas do mar nas praias), o médico de família do sistema Único de Saúde com base em exames feitos, indicou a hidroginástica.
Exercícios na piscina? Será que aguento?
Confesso que não fiquei muito entusiasmada – exercícios na piscina? Mas, vamos lá. Tudo pela saúde!
As aulas de hidroginástica melhoram a capacidade física geral, a resistência cardiorrespiratória, a força muscular e a flexibilidade através de uma sequência de exercícios executados com intensidade moderada e de forma ininterrupta. A minha primeira aula eliminou as dúvidas iniciais – não foi muito difícil fazer os exercícios e o instrutor disse a frase mágica:
– Vá no seu ritmo e faça o que puder. Lembre-se que eu estou fora da piscina e estarás dentro.
A partir desse dia e já se vão cinco meses, as sextas-feiras tornaram-se mais leves e divertidas, no convívio com a turma e os exercícios de fitness. Dessa forma, deixe-me apresentar meu instrutor Diogo Filipe Salvador de Sousa, que em meio a sua agitada vida, conversou comigo para esse post. Ele é conhecido como Salvador, tem 31 anos e nasceu em Lordelo do Ouro e Massarelos, freguesia que pertence ao concelho do Porto (que por sua vez pertence ao distrito do Porto). Tem licenciatura e mestrado no Instituto Universitário da Maia (Ismai). É trabalhador independente.

Por que escolheu a licenciatura de educação física?
— Foi uma paixão que tive quando era mais novo. Estive no percentual de obesidade infantil e o desporto me ajudou a conduzir a um caminho para mudar um bocadinho aquele rumo de saúde. Portanto, na altura tive apoio dos meus pais. Apaixonei-me pelo desporto e segui depois a vertente de desporto na faculdade. Foi um bocadinho essa fase da minha vida que me levou ao desporto.
E o mestrado foi uma consequencia de sua licenciatura?
— Escolhi como tema do mestrado o treino desportivo de alto rendimento, mais propriamente observação e análise de futebol. Na altura, sinceramente não gostei de algumas pessoas com quem contactei na área e não achei o modo correto de tratar pessoas. Como sou muito ligado às pessoas – eu dou-me muito às pessoas e elas dão-se a mim também, felizmente. Então, para mim, percebi que não havia essa empatia pronto e enveredei por outra área, para trabalhar com crianças. Essa é uma vocação e uma paixão que estou a explorar.
Como é o seu ritmo de trabalho?
— Eu trabalho em infantários numa obra de cariz social no Porto e num Jardim de infância em Matosinhos. Dou aulas de psicomotricidade a bebés de um e dois anos. Entretanto, eu estou agora a tirar outra formação também para atuar com necessidades educativas especiais. É uma área que quero explorar e tenho tido alguns contactos com alguns alunos e é muito gratificante, o gosto desta exploração que as crianças têm ao mesmo tempo. Gosto muito de brincar com eles. Pronto, isso faz-me feliz.
Então é um ritmo intenso…
— Meu horário é como um quebra-cabeças de Lego, encaixo as aulas, tem o deslocamento, tem o preparo que faço no carro, a minha área de trabalho. Quando eu vou a deslocar de um lado para o outro, faço a preparação, penso no briefing do que tinha preparado para a aula, por exemplo. Há dias em que trabalhamos mais lento e fazemos mais repetições. A aula é preparada de acordo com o volume e a carga que queremos dar aos alunos. Então, a sequência de exercícios está montada, o remix de músicas já foi feito e assim relembro tudo que preparei no final de semana, no carro, entre um sítio e outro. Já no tempo livre, vou ao ginásio pois o exercício físico relaxa-me. Vou duas a três vezes por semana ao ginásio.
Momento de convívio renova as energias
Salvador explica que gosta de trabalhar muito com pessoas com mais idade. Segundo ele, ‘para muitas, é o ponto alto do dia delas. Um certo dia, uma senhora me dizia que era o momento em que ela não via paredes em sua casa. Então, isso é o que me traz ao trabalho – lidar com as pessoas – muito mais que o dinheiro ganho”. Em seus planos para o futuro, além da especialização, ele planeja casar-se esse ano com Daniela, que trabalha no ramo imobiliário, e ter uma casa própria. Nossa conversa termina com ele já a se preparar para a aula.
Conversa feita, eu vou ao balneário, para me preparar para os exercícios da aula.
E você? O que tem feito para sua saúde?

1 Comentário
Que delícia Lena! Em Viseu também temos um belo conjunto de piscinas públicas, já visitei, andei namorando o lugar, mas ainda não resolvi cair na água. E agora, só quando o verão chegar. Achei engraçado o nome do bairro: Granja. Quando vivia no Brasil, morei uns anos na Granja, no caminho para Cotia (São Paulo). Foram talvez os anos mais difíceis da vida também os melhores. Sei que é difícil de entender, mas foi assim. Abço. e obrigado pelo relato.