O litoral prepara-se com graça e eficiência
Ouvi e dancei em muitos verões brasileiros com a música “Uma Noite e ½” de Marina Lima e Renato Rocketh. Quem é brasileiro, até já completa os versos: “Vem chegando o verão | um calor no coração | essa magia colorida | coisas da vida!”
Este é o meu segundo verão em terras portuguesas e agora, já me sentindo ‘em casa’, consigo notar a preparação para a estação mais importante do ano para a Europa, especialmente para Portugal, onde resido. É quando para cá virão milhares de turistas europeus e talvez de outros continentes. É quando os portugueses emigrantes em outros países também vêm visitar a família. É quando os portugueses que cá moram se deslocam de norte a sul e ao centro.
Entretanto, vou ater-me ao cenário que já está a tornar-se meu amigo e conhecido – o litoral de Vila Nova de Gaia (Gaia, para os íntimos), onde moro – praias de Salgueiros, Lavadores e outros nomes – na verdade, é a mesma praia com diferentes nomes.
Para quem é natural do Rio de Janeiro, é como dividir os trechos das avenidas Atlântica e Vieira Souto que são marcados pelos postos de nadadores-salvadores e apoio a banhistas em nomes oficiais. Imagine: nomear o trecho do Posto 9, em Ipanema, de Praia do Posto 9 ou o trecho do Posto 2, no Leme, em Copacabana, onde morei durante 7 anos) de Praia do Posto 2.
O litoral de Vila Nova de Gaia tem 32 praias oceânicas. Na época balnear tem nadador-salvador (o brasileiro salva-vidas) em 30 praias. As outras duas são consideradas praias selvagens. E agora em junho, a movimentação nas praias é grande – são cabines de banho (para a pessoa trocar a sua roupa e colocar o seu fato de banho ou vice-versa), guarda-sóis colocados pelos estabelecimentos comerciais (e que cobram por isso, evidentemente – além do que consumir), arrumação dos passeios, reforma ou ajustes novos nos passadiços, colocação de cabines perto do nadador-salvador).
Nesse momento, a piscina dentro da praia para pais e crianças já está em fase de conclusão, preparada para receber os miúdos.
Mas a preparação não se limita às praias e ao seu entorno. As avenidas que dão acesso à área balnear estão a receber novo alcatrão (podem imaginar que isso significa desvios e piora do trânsito. E vamos combinar que as ruas que recebem as viaturas (carros) e os autocarros (ônibus) são estreitas e algumas até sem passeios (característica regional).
Isso até parece o Rio de Janeiro em 1989 quando o presidente da câmara (prefeito) Marcelo Alencar herdou uma cidade falida e às escuras e depois de recuperar as finanças, lançou o Rio-Orla – projeto de padronização de quiosques e ciclovias – além da troca do alcatrão das principais avenidas – a cidade maravilhosa virou um canteiro de obras, mas no verão de 1990 voltou a brilhar!
Ah.. e não podemos esquecer da chegada – pelo menos onde moro – das auto-caravanas (motorhome ou trailer) que mudam o ambiente dos parques de campismo particulares.
Junte tudo isso em dias mais longos, noites mais curtas e as expectativas de todos – “como será o verão? É a pergunta que mais ouço nestes dias). Conseguiu visualizar o que é a nossa pré-estação?
Praia Acessível + Praia para todos
E como ocorre o preparo e a administração das zonas balneares durante o verão?
O Programa “Praia Acessível – Praia para Todos!” existe desde 2004 e passou a atribuir o galardão (distinção) às primeiras praias acessíveis a partir de 2005. O Instituto Nacional para a Reabilitação, a Agência Portuguesa do Ambiente e o Turismo de Portugal estabeleceram uma parceria para que as zonas balneares tivessem um conjunto de condições que permitissem o seu uso para as pessoas sem limite de idade e considerando a mobilidade, ou seja, incluindo acesso para vencer as dificuldades de locomoção e aceder à praia.
Segundo o texto encontrado nos sites das instituições envolvidas, o objetivo do programa é “que cada vez mais praias portuguesas passem a assegurar condições de acessibilidade e de serviços que viabilizem a sua utilização e desfrute, com equidade, dignidade, segurança, conforto, independência e a maior autonomia possível, por todas as pessoas que as desejem visitar, independentemente da sua idade e de possíveis dificuldades de locomoção ou outras incapacidades que, transitória ou permanentemente, condicionem a sua mobilidade”.
E, para minha alegria, Vila Nova De Gaia recebeu o galardão “Praia Com Qualidade De Ouro”. É o município mais galardoado em todo o país com esta distinção. O galardão «Praia com Qualidade de Ouro» é atribuído pela Quercus e distingue anualmente a qualidade da água balnear das praias portuguesas.
Para que as autarquias (prefeituras) recebam a distinção (e possam usufruir disso em propaganda institucional), há condições que devem ser cumpridas, como: acesso pedonal fácil, estacionamento ordenado com lugares para as viaturas ao serviço das pessoas com deficiência, acesso à zona de banhos de sol por nível, por rampa ou com recurso a meios mecânicos, passadeiras no areal, sanitários e posto de socorros acessíveis.
Há 242 zonas balneares distinguidas com o programa, sendo 217 no continente, 18 nos Açores e 7 na Ilha da Madeira. Há ainda uma segunda distribuição: 183 estão zonas próximas ao mar e 59 próximas de rios.
No ano seguinte, é entregue o prémio à melhor zona balnear do verão anterior. Em 19 de junho, houve a cerimónia do hastear da bandeira do Programa Praia Acessível, Praia para Todos! na praia da Foz do Lizandro, no concelho de Mafra, vencedora do 1º lugar do Prémio “Praia + Acessível” em 2023.
Ah, então é possível entender tal empenho em tornar as praias os lugares mais aprazíveis da estação! O apoio aos banhistas nas praias de Gaia acontece de 10h00 às 12:00 e das 16:00 às 18:00.
Verão já começou!
No dia 20 de junho, às 21:51, começou o verão e vai durar 93 dias, de acordo com o site Meteored – o tempo, É o início do solstício, o instante do ano em que o Sol atinge a sua maior elevação ao meio-dia e em que ocorrem os dias com mais horas de luz. Essa agitada estação terminará dia 31 de agosto.
E a previsão do tempo, como fica?
Ainda de acordo com esse site, será mais quente do que o normal: “De acordo com a última previsão do Copernicus Climate Change Service (doravante mencionado como C3S), o verão será mais quente do que o normal em grande parte de Portugal continental, com uma probabilidade de 60 a 100% de tal acontecer (vamos combinar, essas percentagens são ótimas para citar, mas no nosso dia a dia, vale o que sentimos – calor demais, chuva de menos).
A probabilidade de um verão mais quente do que o normal não se limita apenas a Portugal continental, mas também ao resto da Península Ibérica (Espanha) e a uma grandíssima parte da Europa, com as situações mais significativas previstas para países e regiões da Europa Mediterrânea, tais como o sul de França, Itália e Grécia, ou no Sudeste Europeu – região dos Balcãs – e que engloba países como a Croácia, Bósnia, Sérvia, Albânia, Roménia e Bulgária, entre outros. Apenas algumas zonas a norte da Islândia, no Mar Báltico e da Rússia apresentam anomalias neutras no mapa.
Vai chover?
“Ainda segundo a previsão do C3S, o verão será mais seco do que o habitual em toda a geografia de Portugal continental e em grande parte da Região Autónoma da Madeira, com uma probabilidade de 40 a 50%. Neste caso, o sinal não é tão evidente como no caso das temperaturas. Tampouco devemos esquecer que uma única trovoada ou tempestade de verão pode alterar o balanço de pluviosidade da estação estival”, está no site citado.
Então, podemos substituir o chapéu-de-chuva (guarda-chuva) por guarda-sol?
Parece que sim, mas como dizemos no Brasil, ‘seguro morreu de velho’, melhor deixar um na viatura e outro na bolsa…
Então, para todos os que cá chegam, damos as boas-vindas com a nossa casa arrumada e bem animada, prontinha para o verão!